ConJur 20 Anos

08/08/2017 Ano XX

Como jornalista ou advogada, levo a ConJur como referência de "fato verdadeiro"

Aterrissei na revista eletrônica Consultor Jurídico, em 2000, aos 24 anos de idade quando a publicação tinha apenas 3 anos de vida. Durante 15 anos, fui editora da ConJur com muito orgulho. Na minha trajetória no site, tive alguns dos melhores anos da minha vida pessoal e profissional. Quando o site fez 15 anos, escrevi um depoimento sobre o crescimento do site do ponto de vista estrutural. A redação passou de dois jornalistas – Márcio Chaer e eu – para mais de 20, até com correspondentes internacionais. De micro para macro. Agora, com o convite do Marcos de Vasconcellos, chefe de redação, resolvi contar aqui para os leitores algumas das principais sensações experimentadas durante essa jornada de notícias.

Em 2002, acompanhei de perto pela primeira vez uma indicação para vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. O então advogado geral da União, Gilmar Mendes, com 46 anos na época, foi indicado para ocupar uma cadeira na mais alta corte do país. A indicação foi polêmica e gerou manifestações de apoio e de protesto. Na redação, houve momentos de tensão, porque tanto os favoráveis quanto os contrários à indicação defendiam seus pontos de vista com muita veemência quando nos enviavam seus posicionamentos sobre o assunto.

No ano seguinte, a ConJur noticiou em primeira mão um fato que jamais seria esperado para quem é de Mato Grosso como eu. O empresário e ex-policial, João Arcanjo Ribeiro, foi condenado a sete anos de prisão em regime fechado por porte ilegal de arma de uso permitido, porte ilegal de arma de uso restrito e receptação de armas. Arcanjo sempre foi conhecido por chefiar o crime organizado em Mato Grosso. Mas, como ouvia desde criança histórias sobre o “comendador” — especialmente quando voltava da escola e passava em frente a sua linda casa — nunca pensei que ele seria um dia condenado. E jamais imaginei que eu mesma escreveria a notícia sobre a condenação quando crescesse. Foi um furo, uma surpresa e uma sensação de justiça ao mesmo tempo no dia da publicação da reportagem.

Ao observar de perto a atuação do Ministério Público, tive algumas grandes decepções com situações pontuais. A primeira, como dizem, a gente nunca esquece. Aconteceu em 2004. Em meu trabalho anterior, num jornal em Cuiabá, era comum sempre ouvirmos promotores e procuradores sobre assuntos de relevância social antes de publicar uma notícia. Isso com a crença de que o MP seria sempre o grande defensor da sociedade. Por isso, fiquei atônita quando a ConJur publicou o DNA de uma ação do MP com o título “Luiz Francisco usou arquivo de empresa para gerar denúncia”.

A notícia conta que o arquivo original da ação não tinha origem na Procuradoria, mas no computador de um empresário que era parte interessada na causa em questão. E isso foi descoberto pela ConJur ao clicar nas propriedades de descrição do arquivo do Word – ideia simples, mas genial. A constatação serviu para eu desconstruir a imagem que tinha idealizado do MP.

Durante 15 anos, assinei mais de 1,5 mil textos na ConJur, como jornalista e, depois, como advogada. Como jornalista, confesso que cheguei a ser extremamente gananciosa pelos furos de reportagem no site. E muito feliz com cada um deles e com os amigos que fiz na redação. Agora, advogada, experimentei o êxtase do leitor que tem um artigo publicado. É uma alegria inexplicável. O site se tornou a referência de fato verdadeiro na minha vida. Depois que leio sobre os assuntos relevantes do mundo jurídico nos jornais, só acredito mesmo depois que checo na ConJur e verifico a abordagem. Hábito que levarei por toda minha vida.

Débora Pinho é advogada, mediadora judicial e na empresa Solucione Conflitos, jornalista, membro da Comissão Especial de Conciliação, Mediação e Arbitragem da OAB-MT e membro do Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas.