18/08/2017 Ano XX
22 entrevistas históricas da ConJur mostram as faces do Judiciário em duas décadas
Desde os seus primórdios, a ConJur publica entrevistas com personalidades do mundo do Direito e da Justiça, um espaço para o debate de ideias e o compartilhamento de saberes. Mas foi a partir de 2005 que a revista eletrônica passou a publicar uma entrevista a cada semana, primeiro às segundas-feiras e, mais tarde, aos domingos.
Uma das primeiras da série histórica foi com o então presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Celso Limongi. “Em três anos, nós não terminamos um processo, mas levantar um prédio nós conseguimos”, dizia o recém eleito presidente, um dos primeiros dirigentes do TJ paulista a pensar nas virtudes de uma boa gestão para encaminhar a solução dos problemas do Judiciário.
Em 2006, a ConJur emplacava uma série de entrevistas com sete dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, publicada em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo. A TV Justiça ainda era novidade e o Judiciário ainda um grande desconhecido. Assim, as entrevistas serviram para discutir a fundo o papel do Supremo na sociedade.
A primeira intenção das entrevistas da ConJur era disseminar conhecimento. E foi assim que, nessa mesma época, a revista publicou uma longa entrevista com um advogado constitucionalista que já chamava a atenção por suas sustentações orais na tribuna do Supremo Tribunal Federal: Luís Roberto Barroso (Parte 1 e parte 2). “O Judiciário deixou de ser um departamento técnico especializado e passou a ocupar um espaço político onde ele disputa efetivamente com o Legislativo e com o Executivo”, dizia ele. Barroso voltaria a ser entrevistado, antes e depois de se tornar ministro do STF.
Além disso, a polêmica é um ingrediente que não pode faltar ao bom jornalismo. E nesse quesito, as mais de 1.500 entrevistas publicadas pela ConJur em seus 20 anos tiveram sua parcela. Uma das que causou mais repercussão foi a do ministro Cezar Peluso (partes 1, 2, 3 e 4), em sua despedida do Supremo e da magistratura. Questionado se o então ministro Joaquim Barbosa assumiria a presidência da corte assim que chegasse sua vez, Peluso não economizou palavras para descrever a imagem que tinha do colega: “Ele não recusará essa Presidência em circunstância alguma, pode ficar tranquilo. Tem um temperamento difícil, não sei como irá conviver, primeiro com os colegas. Não sei como irá reagir com os advogados, pois tem um histórico desde o episódio com o Maurício Correia [ministro aposentado do Supremo. Em 2006, Joaquim Barbosa, no Plenário, sugeriu que o então presidente do STF fazia tráfico de influência]. Também não sei como irá se relacionar com a magistratura como um todo. Isso já é especular. Ele é uma pessoa insegura, se defende pela insegurança. Dá a impressão que de tudo aquilo que é absolutamente normal em relação a outras pessoas, para ele, parece ser uma tentativa de agressão. E aí ele reage violentamente”.
Outra entrevista que causou grande repercussão foi a do também ministro aposentado do Supremo, José Carlos Moreira Alves. Nomeado para a corte pelo general-presidente Ernesto Geisel, foi o último ministro indicado durante a ditadura militar a deixar a corte. De formação conservadora, sua influência nas decisões do STF vai muito além dos mais de 25 anos em que exerceu a magistratura suprema. Raramente dá entrevistas, mas falou muito à vontade com o jornalista Pedro Canário.
Para comemorar seus 20 Anos, a ConJur selecionou aquelas entrevistas mais representativas de sua trajetória, ou seja, as que melhor exemplificam os diferentes momentos pelos quais o Direito e o Judiciário passaram nas duas últimas décadas. Além disso, reuniu vozes de todos os lados da Justiça: magistrados, advogados, membros do Ministério Público, policiais e até mesmo réus, como o ex-militante italiano Cesare Battisti, acusado de quatro assassinatos. Ele foi entrevistado no presídio da Papuda.
No lado da magistratura, foram revividas as entrevistas com os ministros do Supremo José Carlos Moreira Alves, Cezar Peluso, Celso de Mello, Marco Aurélio e Gilmar Mendes; o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Filho; o ministro do Superior Tribunal Militar Flávio Bierrenbach; e o desembargador do Tribunal Federal da 3ª Região Fábio Prieto.
Já os representantes da defesa foram os criminalistas Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Alberto Zacharias Toron; o constitucionalista Lenio Luiz Streck; e o então advogado Barroso.
Pela acusação, tiveram voz o membro do Ministério Público Federal Vladimir Barros Aras e o policial federal Luís Antônio Boudens.
Por fim, o conjunto das 22 entrevistas históricas dos 20 anos de ConJur busca ser didático ao explicar o Brasil. Por isso a visão distanciada de juristas estrangeiros ou o tom professoral (e bem humorado) de Ada Pellegrini Grinover, unanimidade do Direito Processual. Entram nessa lista o administrativista Celso Antonio Bandeira de Mello; o tributarista Ives Gandra da Silva Martins; o argentino Raúl Zaffaroni; o português José Joaquim Canotilho; e o alemão Peter Häberle.
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